Título: O que não existe mais | Autor: Krishna Monteiro
Editora: Tordesilhas | Páginas: 110 | Ano: 2015 | Nota: ★★★★★
Editora: Tordesilhas | Páginas: 110 | Ano: 2015 | Nota: ★★★★★
Olá !!! É com alegria que compartilho essa indicação. O livro 'O que não existe mais' recebi em parceria com Krishna Monteiro, sua primeira publicação. Uma leitura que me surpreendeu muito por suas histórias e pela linguagem tão rica em detalhes. São 7 contos fortes com grande carga emocional, e que nos faz sentir e analisar situações muitas vezes tão próximas. A capa foi muito bem escolhida, nos transmite emoções, as marcas que ficam ao longo da vida, a necessidade de se deixar registrado e de compartilhar suas histórias. E até me pego pensando, se não for pedir demais, se eu pudesse olhar dentro desse coração quantos sentimentos poderiam ser revelados. Convido todos vocês a conhecerem também...
SINOPSE'O que não existe mais' é um relato sobre memória e desajuste, solidão e renascimento. Neste livro de contos, Krishna Monteiro explora esses temas sob vários ângulos. O de um filho perseguido nos corredores de sua casa pela lembrança viva o pai; o de um pacto celebrado pelo escritor João Guimarães Rosa numa encruzilhada; o de um galo de briga que, ao combater na arena, recorda toda a sua existência; o de um gato, narrando os últimos momentos de sua dona, sem compreendê-los; o de um velho soldado que tenta sem sucesso exorcizar a guerra; o de uma mulher que diante da degradação e do envelhecimento vê no ato de contar histórias a fonte mesma de criação e manutenção da vida.
Costumo pensar que a depender do momento em que você ler uma obra, seja por seu estado de espírito, suas vivências, um livro pode despertar diversos sentimentos em você. E foi o que aconteceu comigo com esse livro. O primeiro conto, intitulado "O que não existe mais" me marcou forte. Talvez se eu tivesse lido 2 anos antes, não teria o mesmo impacto. Hoje também sofro a ausência do meu pai, quanto mais o tempo passa, o vazio e a saudade permanecem. É muito difícil, todos que conviveram de perto e sentem a falta, sabem muito bem como é esse sentimento. O que aprendemos com o tempo, é saber lidar com essa ausência, mas ele sempre permanecerá vivo nas lembranças, nos retratos, e até nos nossos próprios traços quando nos olharmos no espelho. O que não existe, acho que continua existindo até demais, mas de uma outra forma. É sobre esse sentimento de perda, o autor consegue recriar no cenário de casa, suas lembranças, suas aventuras com o pai, com a família e procura se convencer que tudo acabou com a morte, mesmo que no fundo saiba que ele permanecerá enquanto ele mesmo estiver vivo.
No segundo conto “As encruzilhadas do doutor Rosa”, a narrativa transita entre o sagrado e o profano, pois o personagem deseja muito saber o que há na valise do médico. Entram numa igreja; ao tentar apropriar-se do conteúdo da valise, percebe os olhares inquisidores dos religiosos. Ele é presenteado com o que há na valise mas descobre que são de outra natureza. Terceiro conto “Quando dormires, cantarei” é ambientado em um local onde acontece brigas de galos. Nenhum deles desaparece, mesmo que derrotado. A violência e a vaidade levadas ao extremo e a perspectiva da morte são percebidas igualmente para os dois. Quarto conto, "Um âmbito cerrado como um sonho” um cão descreve o apartamento onde vivem ele e sua dona, fala do homem com quem ela relaciona-se, os conflitos inerentes à vida do casal e o encontro desta mulher com as amigas. Quinto conto, "Monte Castelo" é o maior conto do livro, é narrado a partir do ponto de vista de uma criança, aborda a complexidade das relações familiares e de sua influência na sua formação. O ponto chave da história recai sobre esse menino e seu avô, a quem visita numa cidade distante. A narrativa acompanha o seu crescimento, de suas ausências à casa do avô devido a conflitos entre elas. Conforme ele vai amadurecendo, suas reflexões vão intensificando. E perdura a narrativa deste avô, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial. No sexto conto, “Sudário” é um pedido com intenção de dissuadir alguém de praticar o suicídio, o final fica em aberto. Enquanto que no sétimo conto, “Alma em corpo atravessada”, aborda a vida de uma narradora que aos poucos perde a capacidade de contar histórias e a mulher termina por surpreender o narrador.
É um livro que mexe com nossos sentidos, sentimentos, nos coloca dentro do cenário, nos faz enxergar pessoas, situações, conflitos, conceitos. Posso afirmar que uma leitura estimulante que nos propõe desafios e nos faz avaliar sobre nossa própria existência. Agradeço demais a oportunidade de ter em mãos esse livro e desejo muita sorte nessa nova caminhada. Muito sucesso !!! Com certeza, um livro que recomendo !!!
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Krishna Monteiro nasceu em 1973, em Santo Antonio da Platina, no Paraná, e esteve rodeado de livros desde pequeno. Graduou-se em economia e fez mestrado em ciências políticas na Universidade Estadual de Campinas. Depois de uma breve passagem pelo jornalismo, em 2008 ingressou na carreira diplomática. Trabalhou como vice-chefe de missão da embaixada brasileira no Sudão, como cônsul adjunto do Brasil em Londres e na embaixada do Brasil na Índia e na Tanzânia, onde se encontra atualmente. Foi editor de textos literários da revista Juca-diplomacia e humanidades, publicada pelo Itamaraty, e ajudou a criar o blog Jovens Diplomatas. Vivendo em terras estrangeiras, foi tomado por lembranças de outras paisagens e cenas de infância escondidas na memória, e começou a escrever contos, em parte inspirados em sua própria história, em parte inventados, que resultaram no livro O que não existe mais, publicado pela Tordesilhas em 2015. A coletânea será lançada na França (Editions Le Lampadaire) e na Romênia e foi finalista do Prêmio Jabuti 2016, na categoria Contos e Crônicas. Ainda em 2016, participou da Primavera Literária Brasileira, em Paris.
Oii Lorena!
ResponderExcluirApesar de achar a capa do livro linda, essa obra não mexeu com meu interesse, não seria um livro que leria, achei o titulo super comum, nada de diferente, porém adorei sua resenha, achei ela ótima. De qualquer modo obrigada pela dica, não irei anotar dessa vez, quem sabe na próxima né!
Abraços;**
http://FebredeLivro
Oii,tudo bem?
ResponderExcluirParabéns pela parceria!
Eu não conhecia a obra, mas gostei bastante da premissa e ainda mais da tua resenha! Também sofro com a ausência do meu pai, querendo ou não. Parece ser um livro bem delicado e que traz reflexões. Amei a capa também, tem bem a ver com o tema.
Dica anotada aqui.
Eu tenho esse livro e acho ele bem legal, aliás, parabéns pela resenha, foi a melhor que li aqui no blog e concordo que muitas das leituras dependem de nosso estado de espírito, sobre o livro, como disse, é uma leitura fabulosa.
ResponderExcluirOi! Adorei a premissa dos contos. Parecem fazer pensar e refletir bastante sobre a vida.
ResponderExcluirAdorei principalmente o fato de ter um conto intitulado "Monte Castelo", pois é o nome da minha cidade natal rsrs *-*
Dica mais que anotada! Essa capa é muito fofinha ^-^
sinto pelo seu pai, flor :(
ResponderExcluirimagino que a leitura dessa obra tenha te deixado absorta e impactada... dependendo do nosso estado de espírito, realmente a leitura de determinado livro pode sofrer influência dessas emoções...
fico feliz que tenha sido uma obra que valeu a pena ser lida...
bjs...
p.s: eu gosto de contos,leria tranquila...
Oi Lorena,
ResponderExcluirVocê tem razão: um livro pode despertar diversos sentimentos dependendo do momento da vida em que é apreciado. Infelizmente, coletânea de contos não me atrai muito, mas gostei muito do post.
Beijos,
André | Garotos Perdidos
Eu não gosto de contos, mas acho bem bacana isso de apoiar a literatura nacional. E como é bom quando lemos um livro no momento certo, né?!
ResponderExcluir;*
Oi!
ResponderExcluirPor não gostar de contos essa é uma obra que normalmente não despertaria o meu interesse mas a sua resenha me deixou curiosa em relação a carga emocional que o livro traz e que parece ser bem forte. Embora eu ache que não esteja na vibe desse livro no momento é uma dica que guardarei para o futuro.
Beijos!
Olá Lorena!
ResponderExcluirSinto pelo seu pai, pela ausência e falta que faz em sua vida. Sobre o livro, eu gostei muito da capa, gosto de contos também, sua resenha despertou pelo interesse pela obra, parece ter uma forte carga emocional. Dica anotada!
Bjuss
Oi Lore
ResponderExcluirAdoro livro de contos e esse em especial me chamou muito a atenção devido as premissas que você nos resenhou. Diferentes histórias que nos despertam diversas sensações... isso que é o maravilhoso poder dos livros!
Dica anotada e amei sua resenha... super detalhista, mas sem dar spoilers ;)
Já estou seguindo o blog... segue o nosso também para continuarmos a trocar dicas literárias... bjuuuu
http://thehouseofstorie.blogspot.com.br/
Olá,
ResponderExcluirA capa já chamou bastante minha atenção.
Ultimamente tenho lido bastante contos e fiquei bem intrigada por esse livro apresentar 7 deles que parecem ficar cravados no nosso peito tamanha a carga emocional que apresentam.
Adorei saber suas impressões e, claro, anotei a dica pois parece ser uma leitura incrível e envolvente.
LEITURA DESCONTROLADA
Olá
ResponderExcluirmuito linda a obra parece ser, adorei essa capa tão simples e ao mesmo tempo chamativa, eu adoro esse tipo de leitura então já está na lista
beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Nossa que sensacional. Não conhecia o livro, mas fiquei muito interessada. Parece um obra boa que emociona. Fiquei emocionada com suas palavras, imagine com o livro. Realmente só quem perde algum ente querido sabe a dor e as complicações de se passar por isso. Quero muito ler o livro.
ResponderExcluirBeijos,
Monólogo de Julieta