A INGÊNUA LIBERTINA - AUTORA: COLETTE [RESENHA]

Título: L'Ingénue libertine | Autor: Colette

Editora: Nova Fronteira | Ano: 1909 | 2019
Páginas: 160 | No Skoob

SINOPSE
Um verdadeiro tratado sobre a liberdade, o desejo feminino, o casamento e a maternidade, A ingênua libertina foi publicado por Colette em 1909, mas sua leitura em nada nos parece datada ou antiquada. A escritora francesa consegue, com sua protagonista e com uma linguagem lírica e ao mesmo tempo sagaz, fazer um retrato vívido da condição feminina no início do século XX, tantas vezes podada pelas mãos de uma sociedade que exige tudo das mulheres, menos a independência. Nesta que é uma das obras mais espirituosas de Colette, conhecemos Minne, uma menina atrevida e irreverente que sonha em se juntar a um bando de criminosos de Paris e se aventurar pelo mundo ao lado de um grande amor. Mais tarde, já adulta e casada com um primo, mas frustrada com os rumos que sua vida tomou, ela se lança em casos extraconjugais em busca de prazer e descobertas, embora suas escapadas não saiam exatamente como o esperado. Mas, um dia, tudo parece mudar...A ingênua libertina é um romance que traz muito da biografia de sua autora, uma personalidade literária peculiar e virtuosa que desafiou as convenções da sua época e que soube ser original e popular, encantando, assim, a França e o mundo.

A leitura do livro A ingênua libertina da autora Colette faz parte do Projeto de leitura "Uma volta ao mundo em 12 livros". Já faz um bom tempo que venho tentando retomar as leituras e as atividades no blog e canal, custou, mas estou voltando aos poucos. Muitas mudanças acontecendo e acho que temos que ir acompanhando o rumo do barco da vida. À princípio já percebemos o capricho dessa versão publicada pela Editora Nova Fronteira, na Coleção de Ouro dos Clássicos.

Um livro publicado originalmente em 1909, está dividido em duas partes. A primeira fala sobre a juventude da protagonista Minne com apenas 14 anos, conhecida por não gostar de estudar, esconde da sua mãe a sua paixão pelos jornais sensacionalistas (os chamados "faits divers") um gosto meio mórbido por assassinatos e violência. A autora mostra Minnie como uma pessoa "ingênua", romântica às avessas.

Na segunda parte do livro, ficam mais claras as verdadeiras intenções da autora.. Ela faz uma crítica velada ao moralismo. Seu universo interior é como flor que nasce no concreto, uma tentativa desesperada de se agarrar a algo de emocionante em uma existência repressora. É um objeto precioso que protege primeiro de sua mãe e depois de Antoine.

Enquanto os romances da época estavam mais do que contentes em encerrar a história da libertina incorrigível com um final trágico, Colette vai muito além da superficialidade e se aprofunda na interioridade da sua protagonista. Nos inteiramos, com detalhamento da ânsia de Minne por emoção, por um sentido que é personalizado na figura de Cabelo de Anjo. Anda que tenha amadurecido sob certos aspectos, mantém sua ingenuidade, o seu sonho adolescente por algo distante.

Diferente dos romances libertinos da época, "A ingênua libertina" é um verdadeiro estudo psicológico por detrás da sexualidade feminina. Muito além do sensacionalismo de um livro sobre libertinagem, ele tenta algo incomum: centralizar a experiência da sexualidade feminina na mulher. Ele ousa questionar se essa "libertinagem" está agradando a todas as partes envolvidas no começo do século XX.

O final posso dizer que me agradou e surpreendeu de verdade. É um livro que faz refletir, reavaliar alguns comportamentos do período que a personagem estava vivendo como também dos dias atuais. É curtinho mas que deixa sua marca. Vale a pena conferir!

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= SOBRE A AUTORA =

Sidonie Gabrielle Colette nasceu em Saint-Sauveur-en-Puisaye em 28 de janeiro de 1873 e morreu em Paris a 3 de agosto de 1954. Foi uma escritora francesa. Filha de um veterano de guerra. Possuía uma enorme coleção de objetos de Art Nouveau, e mantinha um salão literário. Publicou diversos livros como Chéri (1920), Bella-Vista (1937),Gigi(1940) entre outros.