Em fins do século XVIII, em Saint-Domingue, onde hoje é o Haiti, as plantações de cana-de-açúcar transformaram a ilha, de colonização francesa, na colônia mais rica do mundo. O açúcar era o ouro doce, e cortar cana, triturá-la e reduzi-la a melaço não constituía trabalho de gente, mas de bicho, como diziam os plantadores. Toulouse Valmorain acabara de completar vinte anos quando foi convocado com urgência à colônia. Não suspeitou que o destino lhe pregaria uma peça ao receber carta do pai aludindo a problemas de saúde nem que acabaria enterrado nos canaviais das Antilhas. Ao assumir a administração da habitation Saint-Lazare, o jovem homem de letras, que pensava se dedicar à ciência na França, contratará o cruel Prosper Cambray como chefe dos capatazes, comprará Zarité, a pequenina escrava de nove anos de idade, para realizar trabalhos domésticos, se tornará amante da mulata Violette Boisier e se casará com a espanhola Eugenia García del Solar, com quem terá o sensível Maurice. A riqueza e a prosperidade farão de Valmorain o autêntico senhor de escravos. As agruras do trabalho nos canaviais, as chibatadas nos negros fugitivos correrão por conta do seu capataz. Em contrapartida, a ele caberão os prazeres na cama com a adolescente Zarité, que não conhecerá a asfixia e o sofrimento das senzalas. Mas Zarité (Tété) nasceu com boa estrela: órfã, recebeu amor paterno do velho escravo Zacharie, que a ensinou a dançar, e aprendeu com Tante Rose, a mambo e “doutora de folhas”, os mistérios dos loas e os segredos para curar e amenizar a dor de seus irmãos de cor. Apaixonou-se por Gambo, o belo escravo guerreiro, e com ele conheceu o amor. Teve quatro filhos e um neto. Cuidou de sua dona com zelo e dedicação. Tornou-se amiga do médico Parmentier, que queria saber os segredos das folhas para usar na sua medicina. Aprendeu com Père Antoine a praticar a caridade. E em toda a sua vida só teve uma única aspiração: a liberdade. Ao ser levada pelo patrão para Nova Orleans, fugindo da devastação dos canaviais, Zarité conheceu uma nova etapa de sua vida.
A ilha sob o mar é uma verdadeira aula de história que a autora Isabel Allende nos brinda. Já faz algum tempo que estou bem curiosa para ler, desde que vi a capa e li a sinopse no site da Amazon, depois que chegou, ele ficou aqui guardadinho e esperando adicioná-lo para minha lista de livros do Projeto "Uma volta ao mundo em 12 livros". São 470 páginas muito bem escrita, que à princípio pode assustar mas que a leitura flui facilmente. A narrativa varia em terceira e em primeira pessoa sob o ponto de vista da personagem principal. Rico em detalhes e com uma história fantástica.
Ambientado no século XVIII, tem início quando o francês Toulouse Valmorain chega na ilha de Saint Domingue (atual Haiti) para cuidar das propriedades de seu pai, que está muito doente e vem a falecer deixando tudo para ele cuidar. Toulouse fica em definitivo cuidando das plantações de cana de açúcar. Nesse momento, ele acaba conhecendo a jovem espanhola Eugenia Garcia del Solar, com quem vem a se casar, como também a cortesã Violette Boisier, uma mulher considerada "de luxo", mas que acaba criando laços de amizade.
Violette cuida dos preparativos da mudança de Eugenia para a casa do Valmorain, enquanto ele vai buscá-la em Cuba, onde mora a família Garcia del Solar. Para ajudar nas tarefas domésticas, a cortesã compra a escrava Zarité "Teté", de apenas 10 anos, que também passa a cuidar de Eugenia, que, com o tempo vai desenvolvendo distúrbios mentais devido a pressão das revoltas dos escravos haitianos, e do seu filho Maurice.
Enquanto isso, Valmorain também faz de Teté sua escrava sexual. Ela engravida e o senhor some com a criança. O tempo passa, Teté cresce e tem um outro filho de Toulouse, mas dessa vez, a escrava acaba ficando com a menina que recebe o nome de Rosette, em homenagem a Tante (Rose), uma escrava e curandeira da região, conhecida por curar as pessoas com seus remédios poderosos.
Em paralelo, conhecemos também a história do próprio território de Saint Domingue que antes era propriedade da Espanha e passa às mãos da França antes da independência. Enquanto isso, Valmorain e a família, por causa das perseguições, vão para Nova Orleans, nos Estados Unidos, onde Teté, finalmente consegue sua liberdade.
A autora consegue contar várias histórias ao mesmo tempo e todas convergem em vários pontos. Através de uma personagem principal tão marcante conhecemos a história de um país, de um povo escravizado, de lutas e conquistas. Uma leitura que nos enriquecesse, que prende nossa atenção e nos faz ir além pesquisando ainda mais sobre o tema. Com certeza, vale muito a pena essa indicação !!!
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SOBRE A AUTORA
Isabel Allende nasceu em 2 de agosto de 1942, em Lima, no Peru, onde o seu pai diplomata se encontrava em trabalho. No entanto, a sua nacionalidade é chilena, tendo-se tornado cidadã norte-americana em 2003. Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980 e muitos dos livros foram adaptados para o cinema. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973). Com destaque para suas obras: La casa de los espiritos (1982), De amor y se sombra (1984), Paula (1995), Hija de la fortuna (1999), Retrato en sepia (2000), El Zorro (2005), Inés del alma mía (20006) e ntre outros.
Olá! Meu nome é Lorena. Tenho formação em História, e sou estudante de Psicologia. Tenho diversos contos publicados pela Editora Illuminare. Amo viajar e me corresponder com pessoas de várias partes do mundo. Estarei compartilhando aqui minhas leituras e dicas em geral. Para saber mais sobre mim, CLIQUE AQUI
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