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ENTREVISTA : TITO PRATES - AUTOR DO LIVRO AGATHA CHRISTIE FROM MY HEART




Hoje compartilho com vocês uma entrevista com TITO PRATES autor do livro " Agatha Christie from my heart " a primeira biografia publicada em língua portuguesa. Vocês terão a oportunidade de conhecer mais o autor e como foi o processo de escrita dessa obra, sua pesquisa e dedicação para chegar a um excelente trabalho. Fico muito feliz e agradeço ao autor por ter aceitado compartilhar sua experiência aqui no blog. Vamos conhecer... 

VEJA A RESENHA DO LIVRO

1. Como foi seu primeiro contato com a obra da autora Agatha Christie?

Eu tinha nove anos de idade e minha tia ficou viúva. Ela sofria de insônia e tinha medo de ficar sozinha em casa, então, nos finais de semana, ela vinha para nossa casa. Ela era uma excelente contadora de histórias e uma amiga tinha oferecido emprestado para ela os livros de Agatha Christie, para ela ler quando não conseguia dormir. Assim ela me contou o enredo de Um Destino Ignorado, com tanta riqueza de detalhes e vozes que eu quis ler um livro dela. Na Páscoa, pedi para minha mãe trocar meu ovo por um livro de Agatha Christie e assim chegaram às minhas mãos A Mansão Hollow e a Extravagância do Morto.

 2. Quais qualidades você admira nela? 

São tantas. Ela era uma pessoa a frente do seu tempo e, dentro de uma extrema timidez e humildade, conseguiu se tornar a maior vendedora de Best sellers de todos os tempos, ficando atrás somente da Bíblia. Até hoje se fala que Shakespeare vendeu mais que ela “por que não existem registros de vendas antes do século XX”, mas a Unesco reconheceu AC como a maior vendedora já em 1962. O orgulho inglês impede que admitam que o ilustrado e idolatrado Shakespeare perdeu para uma simples dona de casa que escrevia histórias policiais, até hoje insuperáveis.



3. Como foi o processo de escrita do seu livro "Agatha Christie from my heart"? 

Longo e, muitas vezes, decepcionante. Comecei a rascunhá-lo com 20 anos, mas depois fui descobrindo livros lançados com as mesmas ideias que eu tinha e foi afunilando, até desistir do projeto quando surgiu a Internet e eu descobri mais de 100 livros escritos sobre ela e sua obra. Lendo esses livros todos, descobri lacunas, falhas e até manipulação da verdade para se fazer um livro original e vendável. Então descobri meu caminho: Escrever a verdade e tentar minimizar boatos e mal-entendidos sobre ela. Embarquei para Inglaterra, fiz amizade com o neto dela, me hospedei em sua casa e, durante quatro anos, ele me abriu as portas para pesquisar onde ele sabia que existiam arquivos, ou onde eu descobri que eles existiam e levei para ele. Depois foi mais um ano inteiro escrevendo o livro. Finalmente, depois de 30 anos, ele estava pronto. Hoje o usam como referência em pesquisa até mesmo na Inglaterra.

4. Compartilhe com a gente como foi a experiência de participar de um evento internacional na Inglaterra sobre a autora. 

Além do privilégio do convite, ser um estranho ao meio acadêmico das letras e literatura palestrando para um público de ingleses, feras no assunto, em Cambridge é algo único para qualquer um e tento não falar disso com muita importância, acho orgulho uma coisa hedionda, mas acredito que muitos poucos brasileiros tiveram essa oportunidade. Ademais, tentei fazer uma apresentação dinâmica e com humor, o que fez a plateia em geral acompanhar toda a explanação e participar dos debates finais. Mas o mais importante foi levar o nome do Brasil, o terceiro maior fã clube de língua ocidental do mundo, até as salas da Universidade de Cambridge.

5. Qual é seu livro favorito de Agatha Christie e porquê?

Adoro o clima gótico e soturno de Um Crime Adormecido, o que me faz dele meu favorito.

6. Fale um pouco sobre o que você tem aprendido com a autora e como ela tem te influenciado na sua carreira de escritor. 

Quase tudo que eu faço hoje, sinto o dedo dela ou de sua obra por trás de mim. O feeling para perceber algo errado no ambiente ou nas pessoas, para perceber histórias mentirosas, para enxergar a verdade escondida em meio a palavras, isso viverá comigo para sempre e devo aos seus livros. Situações de vida, boas ou ruins, sempre encontro um exemplo na dela para referência. Como escritor, alguns contos meus do gênero terror são variáveis diretas do melhor conto dela de terror, A Boneca da Modista, meu predileto. Já no romance policial, a chave do mistério, não só para mim, mas para qualquer escritor do gênero, vem derivada de alguma coisa dela, pois ela esgotou o repertório de ideias originais nessa área. Só incluo violência, em alguns, o que não era o gênero dela, e ambiento-os sempre no Brasil do presente ou do passado. Até meus crimes com CSI atuando são derivados dos dela, quando isso não existia.

7. Qual livro você indicaria a um leitor que está começando a ler a obra de Agatha?

Qualquer um. Um livro ruim de AC é muito melhor que muitos que estão por aí e qualquer um deles “fisga” o leitor. Já vi gente se apaixonar pela obra dela lendo os considerados “mais fracos” e até roteiros de peça de teatro dela.

8. Compartilhe com a gente alguma curiosidade que você descobriu sobre ela durante suas pesquisas. 

São muitas. Ela era extremamente econômica, nunca teve dinheiro sobrando, como muitos creem e gostava de fazer ela mesma a maionese dos jantares que oferecia em alguma de suas casas.

9. Nos conte um pouco da sua experiência particular como escritor (início, influências literárias, expectativas) 

Eu escrevi um romance policial bem AC quando tinha 14 anos. Impublicável de tão ruim, hoje reconheço, e muito chavão. Depois escrevi dois livros infanto juvenis com um amigo, também nessa fase, totalmente politicamente incorretos para os dias de hoje. Escrevi um romance policial em 2012 chamado Assassinato no Condomínio de Luxo e em 2014, outro chamado O Assassinato de Lydia Sperandio. Estão na Amazon em ebook. Em 2016 a Editora Illuminare me procurou para divulgar um projeto de antologia em homenagem aos 125 anos de AC, chamado Crimes & Suspeitos. Nunca tinha escrito um conto, mas me arrisquei e fui aceito. O vírus pegou e nesse ano escrevi mais 6 contos para ele e ganhei um prêmio literário em Barueri. 

10. Quais são seus projetos literários para o futuro?

Acho que esses se mesclam com as expectativas. Publicar em formato físico meus três livros policiais da Amazon, publicar meus dos inéditos O Estranho Caso de Lisboa e O Antiquário Portenho. Esse ano ainda quero escrever um novo livro que a ideia está aqui na minha cabeça e quem sabe, ganhar mais algum prêmio em algum lugar. Sonhar é sempre bom e nunca se deve perder a esperança. Aprendi com AC.



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2 comentários:

  1. Oiiie

    Ameeei! Fiquei bem interessada pelos livros dele e já estou pensando em usá-lo em um projeot Agatha Cristie hahah

    Obrigada por trazer a entrevista

    Beijos

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  2. Lorena, achei a entrevista muito interessante.
    Não conhecia nem autor e nem a obra.
    Vou indicar para o meu noivo que gosta da autora.
    Diferente do que o Tito disse eu não consegui me prender em nenhum livro da autora.

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