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ISTAMBUL - AUTOR : ORHAN PAMUK - RESENHA



Título: Istambul | Autor: Orhan Pamuk
Editora: Cia das Letras | Ano: 2007 | Páginas: 400
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SINOPSE
Istambul - antiga Constantinopla, sede do Império Bizantino - é uma cidade encravada no meio do grande dilema que se apresenta para a humanidade neste início de século: o encontro entre Ocidente e Oriente. A secularização promovida por Atatürk - herói nacional e fundador da Turquia moderna, em 1923 - baniu as roupas típicas, coibiu costumes milenares e transformou progressivamente o panorama local. Para Orhan Pamuk, que nasceu e passou toda a sua vida na cidade, embora os habitantes tenham cumprido as novas regras, no espírito do povo turco essa operação nunca se completou. Entre a modernização crescente e o apego ao passado, entre ter sido um império e conhecer a decadência, criou-se nos habitantes um sentimento de melancolia que permeia toda a cidade, e também este livro. Sem nunca se ater a um gênero específico - Istambul é parte autobiografia, parte ensaio e parte elegia -, Pamuk traça uma história afetiva de sua cidade e revela, "com os olhos da memória" - nas palavras do escritor Alberto Manguel -, os personagens, as ruas e becos, os grandes e os pequenos acontecimentos que definiram sua vida. O centro de tudo é o Edifício Pamuk, construção que no início da década de 50 abrigava, espalhada em seus andares, toda a família do autor. Circulando pelos corredores do edifício, o pequeno Orhan tenta dar sentido a coisas que vê mas não entende por completo: as ausências do pai, as fotografias espalhadas pela avó, o indefectível piano que todos seus parentes têm nas casas, mas que nunca tocam. Conforme cresce, ele ganha as ruas, em longos e solitários passeios, e começa a se impregnar dessa tristeza coletiva que assombra a cidade. Mas, ao mesmo tempo em que de certo modo o oprime, Istambul fornece um repertório de imagens - as casas na beira do Bósforo, os incêndios das mansões dos paxás, as enciclopédias de curiosidades compradas em sebos - que para ele ganham enorme força simbólica, e que estarão sempre presentes em sua obra. Como a Dublin de Joyce e a Buenos Aires de Jorge Luis Borges, Pamuk tira da cidade a experiência que o conduziu à arte.



Istambul é um livro autobiográfico recheado de fotos do álbum pessoal do autor e de sua cidade natal. Um bonito trabalho que a Editora Cia das Letras nos traz. Achei ótima a edição, com páginas amareladas o que facilita bastante a leitura e ótima diagramação. Fiquei encantada com a quantidade de fotos que ilustram muito bem as passagens do livro, várias fotos antigas, pinturas e ilustrações. Apesar de haver referência ao final de qual fonte foi retirada, particularmente senti falta de legendas já que fiquei bastante curiosa à medida que ia avançando no livro. Confesso que não foi uma leitura fácil, demorei pelo menos uma semana, entre interrupções cotidianas, fazia algumas pesquisas e novamente retomava. Acredito que esse livro seja um daqueles que guardamos para futuras leituras sempre que o tema sobre a história da Turquia vier à tona, definitivamente não é pra ficar abandonado da estante.  

Ao longo dos capítulos, que alguns casos são curtos, o autor vai relembrando desde o momento do seu nascimento, daquilo que ouvia falar, como também das suas primeiras memórias e sensações. A narrativa não é linear, o autor sempre retomava momentos do passado para chegar aos dias de hoje e seus influências. Vamos conhecendo sua infância, de como ele enxergava o mundo ao seu redor, sobre sua criação em meio a uma família tradicional turca, a religião, suas inspirações e seus valores. É interessante como passamos a conhecer uma cultura tão rica e que já tínhamos lido tanto em outros livros de história, agora podemos ver com os olhos de quem nasceu e viveu imerso a ela. 


Orhan nasceu em 7 de junho de 1952, em um pequeno hospital particular em Istambul, nada de muito interessante teria acontecido no mundo de acordo com o noticiário, ele relata. Um fato curioso é que desde cedo, ele lembra de haver um outro Orhan povoando sua imaginação, ele não sabe de onde teria saído essa ideia, mas que o acompanhou durante muito tempo, provavelmente seria devido às mudanças de endereços por causa de brigas entre os pais e de um quadro que ele teria visto de um menino muito parecido com ele. Até que ele passa a viver em um prédio construído nessa ocasião onde todos os andares eram ocupados por membros de sua família. Ele descreve aquele ambiente, as mobílias, os móveis, os costumes, as festas e compartilha diversas curiosidades.    

Situações boas e ruins se misturam a suas recordações sobre seu povo e sua cidade. Relembra períodos como aqueles que nevava em Istambul e como aquela neve conseguia esconder a sujeira, a pobreza e o descuido das casas da vizinhança. Fica bem evidente todo o tempo o quanto aquele ambiente lhe trazia uma melancolia profundo, o aspecto descuidado, as imagens em preto e branco que ficaram gravados nas pinturas e fotos. 

"E o que mais me agradava na neve era o seu poder de fazer as pessoas saírem de si mesmas e agirem como se fossem uma só; cortados do resto do mundo, o isolamento nos congregava. Nos dias de neve, Istambul parecia um posto avançado na frente de batalha, mas a contemplação do nosso destino nos trazia mais para perto do nosso passado fabuloso." (pág.50)

Em outra passagem, o autor relembra...

"Uma vez, temperaturas árticas inesperadas causaram o congelamento do mar Negro, do Danúbio ao Bósforo. Foi uma ocorrência espantosa para a cidade, na verdade uma cidade mediterrânea, e as pessoas falaram desse evento com uma alegria infantil por muitos e muitos anos". (pág.50)

Notamos como o autor sente um forte sentimento de pertencimento aquele local, ao mesmo tempo que relembra diversos momentos alegres, aponta também todo o lado negro que sua história e transformações que Istambul foi tendo ao longo do tempo e de como isso impactou sua própria vida. Ele questiona logo de início o porquê de ter nascido exatamente naquele local e naquela família, porque somos destinados a ter uma determinada cultura e destino como esses que temos, e de como a história de um local pode ficar impregnada en nós mesmo. 

Uma palavra que em muitos momentos aparece é "melancolia". Procurando o sentido literal da palavra, vem do grego, significa uma tristeza vaga, permanente e profunda, que leva o sujeito a sentir-se triste e a não desfrutar dos prazeres da vida. Ela pode surgir devido a causas físicas e/ou morais. Acredito que são muitos os motivos para o autor se sentir assim quando fala de Istambul, seja pelo passado histórico, a destruição e pobreza refletida em sua arquitetura, os grandes palácios em ruína, o clima frio, as imagens que foram sendo internalizadas ao longo de toda sua vida. 


O autor nos faz viajar através de suas memórias, nos seus pensamentos. Nos faz refletir como seria viver em um país como a Turquia, no período em que ele viveu e da forma como tudo foi acontecendo para ele ao longo da formação como pessoa e como escritor. É uma leitura rica em detalhes e que nos faz refletir sobre o quanto o local onde nascemos e a realidade que vivemos influencia nas nossas próprias vidas. Um livro que com certeza eu indico a todos que desejam conhecer mais sobre a história da Turquia, sobre Istambul, uma cidade que tenho tanta vontade de conhecer um dia, e especialmente a todos que desejarem conhecer sobre uma realidade de vida que em muitos pontos se assemelha e diverge. Boa leitura!


Livro disponível nas principais lojas virtuais:
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RESENHA EM VIDEO


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= SOBRE O AUTOR =



Orhan Pamuk nasceu em 1952 em Istambul. Principal romancista turco da atualidade, já foi traduzido para mais de 40 idiomas e ganhou o prêmio Nobel de literatura em 2006. Cresceu em uma abastada família burguesa em declínio, uma experiência que ele descreve na passagem de romances seus como “O Livro Negro” e “O Senhor Cevdet e Seus Filhos”, bem como mais profundamente no seu “Istambul: Memórias e a Cidade”. Teve uma educação no Robert College da Turquia e passou estudar arquitetura na Universidade Técnica de Istambul. Abandonando a escola de arquitetura 3 anos depois, tornou-se escritor em tempo integral e, em 1976, graduou-se no Instituto de Jornalismo da Universidade de Istambul. 






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