Zlata tem onze anos e vive em Sarajevo. Mantém um diário, no qual vai registrando seu cotidiano. Mas a guerra eclode na ex-Iugoslávia e irrompe no diário da menina. As preocupações do dia-a-dia desaparecem diante do medo, da raiva, da perplexidade. O universo de Zlata desmorona. "Domingo, 5 de abril de 1992, estou tentando me concentrar nos deveres (um livro para ler), mas simplesmente não consigo. Alguma coisa está acontecendo na cidade. Ouvem-se tiros nas colinas. [...] Sente-se que alguma coisa vai acontecer, já está acontecendo, uma terrível desgraça.
O livro O diário de Zlata faz parte do Projeto Literário "Um volta ao mundo em 12 livros" que estou compartilhando no blog e canal. Escolhi esse livro por ser em formato de diário, que acho bem interessante, especialmente quando ele é real e escrito em um momento bem marcante na história, a guerra civil na Iugoslávia. Essa versão foi publicada pela Editora Seguinte e traz o diário traduzido, partes do original e diversas fotos da autora, de sua família e amigos.
A guerra da Iugoslávia aconteceu entre os anos de 1991 a 2001, motivada por questões étnicas. A ideia de uma "Grande Sérvia" foi a motivação e a meta principal para muitos dos combatentes sérvios e voluntários envolvidos no conflito. Mais de cem mil pessoas morreram e centenas tiveram de fugir de suas casas, numa guerra que deixou um rastro de extrema violência. Os croatas e bósnios, em particular, alegaram que o estabelecimento de um Estado foi resultado da ambição dos dirigentes sérvios.
Em meio a tudo isso está Zlata, uma garota de apenas onze anos, filha única que vive com seus pais em Sarajevo. Eles costumavam ter uma vida normal até que a guerra acontece. Zlata ganha um diário que dá o nome de "Mimmy" (em homenagem a um peixinho de estimação) e passa a escrever em suas páginas sobre seu cotidiano, sobre coisas que gostava de fazer e ver na tv, sobre seus passeios e festas junto com seus amigos e familiares. Ela escreve entre 1991 a 1993. Durante esse período, acontece a guerra e por meio de seus escritos vamos conhecendo as sensações de estar em meio a bombardeios, com medo se ver tudo destruído, de serem mortos, de estar sem luz, água e alimentos.
Zlata percebe seu mundo mudar completamente estando a mercê de situações que estão fora do seu controle. Ela vê seus amigos irem embora para outros países, pessoas serem mortas e sua cidade ser destruída por motivos que ela não conhece sobre política ou ideologia. Não pode mais sair, ir à escola, fazer suas atividades normais. Na televisão, noticias sobre uma guerra que só traz morte e destruição.
Seus dias são intercalados entre momentos de medo e noticias de esperança que tudo poderá ser diferente. Cartas de amigos que chegam do exterior, comemorações em família, a luz que volta em casa, a possibilidade do fim da guerra. São relatos de uma jovem que ficou conhecida em seu pais como "Anne Frank de Sarajevo" devido a grande repercussão do seu livro, mas que diferente de Anne, sua história teve um final feliz.
Com certeza, é uma leitura interessante e comovente, que desperta nossa curiosidades em saber mais como são os costumes de um outro país, de conhecer o cotidiano de uma garota que mora tão longe daqui mas com ideias e desejos tão próximos. Nos sentimos emocionados com toda aquela realidade, pensamos como seria se estivéssemos vivenciando tudo aquilo também, se faríamos o mesmo ou não. Uma realidade que pode nos ensinar muito. Vale muito a pena a leitura!
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SOBRE A AUTORA
Zlata Filipovic nasceu em Sarajevo, em 3 de dezembro de 1980. É a autora do livro O Diário de Zlata, no qual conta os horrores que presenciou durante a guerra em Sarajevo, de 1992 a 1995. Durante a infância, Zlata, filha única de Malik e Alica Filipovic, costumava ter aulas de piano e canto no coral, gostava de jogar tênis durante o verão e praticar esqui durante o inverno.
Ao contrário de muitos amigos e familiares que deixaram Sarajevo com a guerra, Zlata e os seus pais tomaram a decisão de ficar juntos. O modo de vida tornou-se bem difícil, sem água, eletricidade nem gasolina, e os suprimentos de comida eram extremamente limitados. Na época, a UNICEF estava pedindo às crianças que tivessem mantidos diários durante a guerra para que mostrassem seu trabalho.
Através da escola de Zlata, seu diário foi descoberto e selecionado para publicação em 1993. Quase imediatamente, o diário recebeu enorme publicidade e Zlata foi proclamada a "Anne Frank de Sarajevo", um título que sempre a deixou desconfortável, porque, diferentemente de Anne, ela teve a sorte de sobreviver. Zlata e sua família refugiaram-se em Paris em dezembro de 1993. Após passar uma temporada na Inglaterra, transferiram-se para Dublin, na Irlanda.
Em 2001, Zlata obteve bacharelado em ciência humanas pela Universidade de Oxford, e em 2004, mestrado na área de saúde pública em estudos da paz internacional pelo Trinity College, em Dublin. Foi convidada por diversas escolas e universidades em todo o mundo para falar sobre sua experiência, e já trabalhou em diversas ocasiões com diferentes organizações, como a Casa Anne Frank, a ONU e a UNICEF, além de ter sido três vezes jurada do Prêmio de Literatura para Crianças e Jovens em nome da Tolerância, da UNESCO. Em 2008 publicou Vozes Roubadas - Diários de Guerra, e esteve no Brasil divulgando o novo livro. Cinco anos depois, regressou ao Brasil, dessa vez a convite do primeiro festival Pauliceia Literária.
Olá! Meu nome é Lorena. Tenho formação em História, e sou estudante de Psicologia. Tenho diversos contos publicados pela Editora Illuminare. Amo viajar e me corresponder com pessoas de várias partes do mundo. Estarei compartilhando aqui minhas leituras e dicas em geral. Para saber mais sobre mim, CLIQUE AQUI
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